“… a matriz elétrica brasileira é uma das mais renováveis do mundo.”

Aproximadamente 80% da eletricidade global é gerada pela queima de combustíveis fósseis, insumos não-renováveis que emitem gases do efeito estufa, gerando poluição e muitos problemas de saúde pública.
Este número, felizmente, não expressa a realidade brasileira. Por aqui, mais de 70% da potência instalada (dos empreendimentos em operação) gera energia a partir de fontes renováveis, entre elas a hídrica, a eólica e a solar. Somente a fonte hídrica contribui com mais de 60% da nossa geração. Embora existam polêmicas sobre a sustentabilidade ambiental e social das hidrelétricas, a matriz energética brasileira é uma das mais renováveis do mundo.

“Com estes números o Brasil se destaca na implantação de energias renováveis e limpas, …”

Destacam-se a energia eólica e solar como fontes renováveis, limpas e de baixo impacto ambiental com 12,5 GW e 1 GW de potência instalada, respectivamente. Juntas, respondem por 8,5% da potência total instalada no País. Com estes números o Brasil se destaca na implantação de energias renováveis e limpas, situando-se entre os dez primeiros do mundo em geração eólica e com enorme potencial para estar entre os 10 primeiros com a energia solar em poucos anos, ultrapassando países europeus que já estiveram na vanguarda das energias renováveis.
A energia eólica vem sendo introduzida no Brasil há mais tempo que a solar e nos últimos dez anos, essencialmente através da geração centralizada, diversos parques eólicos entraram em operação. Hoje, mais de seis mil aerogeradores fornecem energia para muitos consumidores, sobretudo no nordeste brasileiro.
A energia solar, mais recente no mix de energia do País, cresce através da geração centralizada, com a implantação de usinas solares de grande escala, mas também através da chamada geração distribuída, quando um consumidor de energia pode gerar eletricidade para autoconsumo com um micro ou mini gerador, dependendo da quantidade de energia que deseja gerar.

“… o mercado de energia solar no Brasil se modificou e a geração distribuída ganhou força.”

Quando a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) publicou a Resolução Normativa nº 482 em abril de 2012 (REN 482/2012), o mercado de energia solar no Brasil se modificou e a geração distribuída ganhou força. A partir de 2013, consumidores residenciais, comerciais, industriais e rurais começaram a instalar geradores fotovoltaicos que produzem eletricidade a partir da luz solar. Os consumidores que optaram por este tipo de geração são em sua maioria residências (78% do número total de unidades consumidoras com geração distribuída). Contudo, a geração distribuída fotovoltaica concentra 45% do total de potência instalada em comércios. Um dos principais tópicos da REN 482/2012 é a instituição do sistema de compensação, conhecido também como net-metering, no qual créditos de energia são contabilizados para autoconsumo em caso de excesso de geração, além de vantagens na tributação da energia aderida pela maioria dos Estados brasileiros.
Apesar dos atuais 23 mil geradores fotovoltaicos indicarem um crescimento exponencial da geração distribuída, o potencial para crescimento é enorme. Estima-se que a geração distribuída da energia solar fotovoltaica movimentou R$ 1,4 bilhão somente em 2017, acumulando pouco mais de 200 MW de potência. O Brasil tem mais de 80 milhões de consumidores (dados consolidados de 2016) e a EPE – Empresa de Pesquisa Energética – prevê que, em 2026, 770 mil consumidores produzirão sua própria eletricidade como geradores fotovoltaicos sob o regime da REN 482/2012.

“… gerar a sua própria energia será tão comum como qualquer outra atividade cotidiana.”

Com o declínio abrupto do preço dos equipamentos que compõem um sistema fotovoltaico, a energia solar ficou mais acessível e o retorno do investimento mais atrativo. Após o período de retorno, o benefício é enorme pois a energia é gerada a um custo baixíssimo e praticamente sem despesas de manutenção. Os módulos solares, segundo a maioria dos fabricantes, têm vida útil de vinte e cinco anos, embora existam testemunhos de sistemas em operação a quase trinta. Em breve, gerar a própria energia será tão comum como qualquer outra atividade cotidiana.
Com preços mais baixos e tempo de retorno mais atrativo, diversos consumidores vislumbram a possibilidade de gerar a própria energia elétrica com os benefícios de utilizar uma fonte limpa e sustentável, além de ficar menos sensível ao aumento desproporcional da tarifa de energia.

* os dados sobre potência instalada e geração distribuída são os atualizados em 28 de fevereiro de 2018.
** outros dados foram pesquisados entre fevereiro e março de 2018.

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Para saber mais sobre o autor: Igor Cordeiro é consultor e instrutor de energias renováveis.